Você já conversou sobre sua situação com alguns de seus amigos?
perguntei. Ela respondeu: Com umas duas amigas mais chegadas e, por cima, com
outras pessoas.
E o que elas lhe disseram? Todos são unânimes em dizer que devo me
separar dele, porque ele nunca vai mudar, e esta demora só prolonga a agonia.
Pastor, ocorre que eu não consigo fazer isso! Talvez eu devesse, mas não
quero acreditar que esta é a coisa mais
certa a se fazer. Eu então lhe disse: Parece-me que você está em um dilema. Por
um lado sua crença religiosa e a moral, lhe dizem ser errado desmanchar um casamento;
e por sua dor emocional lhe afirma ser o rompimento a sua única forma de
sobreviver. É exatamente isso, Pastor. É desta maneira que me sinto. Não sei o
que fazer! Quando o tanque (emocional) está baixo... não temos sentimentos de
amor por nosso cônjuge e, simplesmente, experimentamos dor e vazio. Estou
realmente solidário com sua dor. Sei que você enfrenta uma situação
verdadeiramente difícil. Gostaria de poder oferecer-lhe uma resposta fácil
mas, infelizmente, não a possuo.
Qualquer uma das alternativas que você mesma mencionou continuar ou desistir de
seu casamento certamente lhe acarretará
muita dor. Antes que tome uma decisão, gostaria de conceder-lhe uma ideia. Não
posso garantir que funcionará, mas desejaria que, pelo menos, fizesse uma tentativa.
Pelo que me disse, percebo que sua fé é muito importante para você e também
respeita muito os ensinos de Jesus. Ela balançou a cabeça afirmativamente e eu
continuei: Gostaria de ler para você algumas coisas ditas: pelo próprio Jesus,
que acredito tenham a ver com seu casamento. Li, então, devagar e pausadamente.
“Digo-vos, porém, a vós outros que me ouvis: Amai os vossos inimigos, fazei o
bem aos que vos odeiam; bendizei aos que vos maldizem, orai pelos que vos
caluniam. Como quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a
eles. Se amais os que vos amam, qual é a vossa recompensa? Porque até os
pecadores amam aos que os amam.”
Estas palavras lembram seu marido? Ele a tem tratado mais como
inimiga do que como amiga? perguntei.
Ela balançou sua cabeça afirmativamente. Ele já praguejou contra você? Muitas
vezes. Ele já a maltratou? Sempre o faz. Ele já expressou que a odeia? Sim.
Ana, se você concordar, gostaria de tentar um coisa. Desejaria ver o que
aconteceria se aplicássemos este princípio em seu casamento. Deixe-me explicar
melhor. Comecei a explicar a Ana o conceito do tanque emocional e o fato de
que, quando ele está baixo como o dela se encontrava, não temos sentimentos de
amor por nosso cônjuge e, simplesmente, experimentamos dor e vazio. Desde que o
amor é uma profunda necessidade emocional, a falta dele possivelmente também é
a nossa mais profunda dor emocional. Disse-lhe, então, que se pudéssemos
aprender a falar a primeira linguagem do amor um ao outro, a necessidade
emocional estaria suprida e sentimentos positivos seriam novamente gerados.
Isso faz sentido para você?
perguntei-lhe. Pastor, o senhor acabou de descrever a minha vida. Nunca,
antes, enxerguei de forma tão clara. Apaixonamo-nos antes de nos casarmos. Não
muito tempo depois de nosso casamento, caímos das nuvens e nunca aprendemos a
falar a linguagem do amor um ao outro. Meu tanque está vazio há anos, e estou
certa que o dele também. Pastor, se eu
compreendesse antes este conceito, talvez nada disso nos teria
acontecido. Não podemos voltar no tempo, Ana. Tudo o que podemos tentar é fazer
o futuro diferente. Gostaria de propor-lhe uma experiência de seis meses. Estou
disposta a tentar qualquer coisa disse
Ana. Apreciei seu espírito positivo, mas eu não estava muito certo de que ela
entendera o alto grau de dificuldade daquela experiência. Então sugeri:
Estabeleçamos então nossos objetivos. Se em seis meses você pudesse ter seu
desejo romântico realizado, qual seria? Ana ficou um tempo sentada em silêncio.
Depois, ainda pensativa, ela disse: Gostaria de ver Gledson amar-me novamente e
demonstrar isso através de algum momento gasto comigo; desejaria realizar diversas atividades juntos; queria sair, eu e
ele sozinhos, para passear; gostaria
muito que houvesse interesse da parte dele pelo meu mundo; apreciaria
demais que conversássemos um com o outro quando saíssemos para jantar fora;
desejaria que ele me ouvisse; gostaria de sentir que ele valoriza minhas
idéias. Seria tão bom se pudéssemos novamente viajar e nos divertir juntos. E,
mais do que qualquer outra coisa, desejaria saber que ele valoriza nosso
casamento. Ana fez uma pausa e depois continuou: De minha parte, gostaria muito
de voltar a ter sentimentos calorosos e positivos por ele. Desejaria sentir orgulho dele. No momento, não nutro
estes desejos. Eu escrevia enquanto Ana falava. Quando ela terminou, li alto o
que ela me dissera e comentei: Estes objetivos parecem-me difíceis de ser
alcançados. É isso mesmo o que você deseja, Ana? Concordo que, para o momento,
eles pareçam praticamente impossíveis. Mas é o que desejo acima de tudo. Então
estabeleçamos que estes serão nossos objetivos. Em seis meses, queremos ver
você e Gledson possuir esse tipo de amor em seu relacionamento. Gostaria de
levantar uma hipótese. O objetivo de nossa experiência será provar se ela é ou
não verdadeira. Suponhamos que você consiga falar a primeira linguagem do amor
de Gledson, de forma consistente durante seis meses. Digamos também que em
algum ponto desse período sua necessidade emocional de amor comece a ser
suprida, o tanque do amor encha-se e ele comece a corresponder seu amor. Esta
hipótese baseia-se na idéia de que nossa necessidade de amor emocional é a
carência mais
profunda que possuímos, e quando essa necessidade é suprida, a
tendência natural é respondermos
positivamente à pessoa que nos supriu. E eu continuei. Você compreendeu
que esta proposta coloca toda
iniciativa em suas mãos? Gledson não faz questão de trabalhar para
salvar este casamento, mas você sim.
TEM CONTINUAÇÃO DIARIAS.
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