Pastor, o motivo de trazê-lo até o aeroporto foi para partilharmos
com o senhor um milagre. Alguma coisa nesta palavra faz-me recuar,
principalmente quando não conheço a pessoa que a usa. “O que será que vem por
aí?”, pensei. Ocultando esses pensamentos para mim mesmo, dediquei toda minha
atenção a ela. Eu não sabia, mas estava prestes a levar um choque. Pastor, Deus
usou o senhor para fazer um milagre em nosso casamento. Nossa, como me senti
culpado! Um minuto atrás eu questionava o uso da palavra milagre, e agora,
Janice dizia que eu era o veículo daquele milagre. Passei, então, a ouvir com
mais interesse. Janice continuou: Há três anos assistimos, pela primeira vez,
um seminário do senhor. Eu estava desesperada. Pensava seriamente em deixar Jak
e já havia dito isso a ele. Nosso casamento estava vazio há muito tempo. Eu já
tinha desistido. Durante anos eu dizia a Jak que precisava de seu amor, mas ele
não esboçava nenhuma reação. Eu amava as crianças e sabia que elas me adoravam
também, mas não sentia nenhum amor da parte de Jak. Para ser sincera, naquela
época eu praticamente o detestava. Ele era uma pessoa absolutamente metódica.
Fazia tudo por hábito. Era tão previsível quanto um relógio e ninguém conseguia
alterar aquela rotina. Ela continuou: Durante muitos anos, tentei ser uma boa
esposa. Eu cozinhava, lavava, passava... Colocava em prática tudo o que uma boa
esposa deveria realizar. Fazia sexo porque sabia que era importante para ele.
Porém, não havia jeito de me sentir amada por Jak. Sentia-me como se ele
tivesse deixado de se interessar por mim após o casamento e simplesmente não me
valorizava mais. Sentia-me usada e desvalorizada. Quando falei com Jak sobre
meus sentimentos, ele simplesmente riu e disse que nós tínhamos um casamento
tão bom quanto qualquer outro da vizinhança. Ele não conseguia entender porque
eu estava tão infeliz. Lembrou-me então que as contas estavam pagas, tínhamos
uma bela casa, um carro novo, e eu podia me dar ao luxo de escolher trabalhar
fora ou em casa, e deveria estar alegre ao invés de reclamar o tempo todo. Ele
nem ao menos tentou compreender meus sentimentos, o que me fez sentir
totalmente rejeitada. E foi assim que três anos atrás chegamos ao seu
seminário. Ela suspirou e prosseguiu: Até então, nunca havíamos participado de
nenhum estudo sobre o casamento. Eu não sabia o que me esperava e,
sinceramente, minhas expectativas eram negativas. Achei que nunca, nada nem
ninguém mudaria Jak. Durante e depois do seminário, ele quase não falou.
Aparentemente demonstrou gostar do assunto. Inclusive, achou o senhor muito engraçado.
Mas não comentou comigo sobre nenhuma das idéias do seminário. Não esperava
mesmo que o fizesse e tampouco lhe perguntei coisa alguma. Como já disse, eu já
desistira de esperar alguma mudança. Como o senhor bem sabe, o seminário
terminou no sábado à tarde. Naquele dia à noite e no domingo, as coisas foram
como de costume. Porém, na segunda-feira à tarde, ele chegou do serviço e
trouxe-me uma rosa. Fez uma nova pausa, para respirar fundo e prosseguiu: Onde
você arrumou isso? eu perguntei. Ele respondeu: Comprei de um vendedor de
flores. Achei que você gostaria de ganhar uma rosa. Eu comecei a chorar e
agradeci comovida. Logo descobri que ele comprara a rosa de um vendedor em
alguma esquina. De fato eu havia visto um naquele dia. Mas isso não importava,
pois o que valia é que ele me trouxera aquela rosa. Na terça-feira à tarde ele
me ligou do escritório e perguntou-me o que eu achava se ele trouxesse uma
pizza para jantarmos. Ele pensou que eu apreciaria não cozinhar naquela noite.
Disse-lhe que achava a idéia ótima e ele trouxe aquele lanche para casa. Nós
curtimos muito aquela pizza. As crianças também gostaram muito e
agradeceram-lhe por tê-la trazido. Dei-lhe um abraço e manifestei minha sincera
apreciação por tudo.
TEM CONTINUAÇÃO DIARIAS.
Nenhum comentário:
Postar um comentário