Eu simplesmente não a amo mais. E isso já ocorre há muito tempo.
Não gostaria de magoá-la, mas não há mais proximidade entre nós. Nosso
relacionamento esvaziou-se. Não tenho mais prazer com a companhia dela. Não
tenho mais sentimento algum por ela. Breno pensava e sentia o que centenas de
maridos imaginam através dos anos: A famosa frase “não a amo mais”, slogan
mental que tem fornecido liberdade emocional para que muitos esposos procurem
envolver-se com outras mulheres. O mesmo ocorre com esposas que se utilizam da
mesma desculpa. Entendi Breno porque eu já passara por aquela situação.
Milhares de esposos e esposas também já enfrentaram isso: o vazio emocional;
querem fazer a coisa certa, não desejam machucar alguém, mas, devido às
carências emocionais, sentem-se compelidos a buscar o amor fora do matrimônio.
Felizmente, ainda nos primeiros anos de casamento descobri a diferença entre
“paixão” e “necessidade emocional” de sentir-se amado. A maior parte de nossa
sociedade ainda não descobriu essa diferença. Os filmes, as novelas, as
revistas e os livros românticos unificaram esses dois tipos de amor, para
aumentar nossa confusão. No entanto, eles são completamente diferentes. A
experiência do apaixonar-se, estudada no capítulo três, está a nível dos
instintos. Não é premeditada; simplesmente acontece em um contexto normal do
relacionamento entre o macho e a fêmea. Pode ser fomentado ou abafado, mas não
surge com base em uma escolha consciente. É de vivência curta (em geral dois
anos ou menos), e parece servir à humanidade com a mesma função da chamada para
o acasalamento dos gansos selvagens. A paixão supre, temporariamente, a
carência emocional do amor. Passa-nos a sensação de que alguém se preocupa
conosco, admira-nos e aprecia-nos. Nossas emoções enlevam-se por pensarmos que
ocupamos o primeiro lugar na vida de alguém e que ele, ou ela, está disposto a
dedicar tempo e energia exclusivamente ao nosso relacionamento. Por um curto período, ou por quanto tempo durar, nossa necessidade
emocional por amor está suprida. Nosso “tanque” está cheio; podemos conquistar
o mundo. Nada é impossível. Para muitos, essa é a primeira vez em que o
“tanque” emocional fica cheio, e isso leva à euforia.
Suprir a necessidade de
amor de
minha esposa é uma escolha que
faço a cada dia. Se eu sei qual é sua
primeira linguagem do amor e
escolho utilizá-la, suas mais profundas
necessidades emocionais serão supridas
e ela se sentirá segura em meu amor.
Em tempo, no entanto, descemos das alturas para o mundo real. Se
nosso cônjuge aprendeu a falar nossa primeira linguagem do amor, nossa
necessidade de sermos amados continuará a ser satisfeita. Se, por outro lado,
ele, ou ela, não fala nossa linguagem, nosso “tanque” aos poucos secará, e
deixaremos de nos sentir amados. Suprir essa necessidade de nosso cônjuge é,
definitivamente, uma decisão. Se eu aprender a linguagem do amor emocional de
minha esposa e falá-la freqüentemente, minha esposa continuará a sentir-se
amada. Quando a paixão terminar, isto quase não será percebido por ela, pois
seu “tanque” emocional será sempre preenchido. No entanto, se eu não
compreender sua primeira linguagem, ou optar por não utilizá-la, quando ela
colocar os pés no chão, terá os anseios naturais de quem não possui as
carências emocionais supridas. Em razão de viver alguns anos com o “tanque” do
amor vazio, talvez venha a apaixonar-se novamente por outra pessoa e o ciclo
outra vez se repetirá. Suprir a necessidade de amor de minha esposa é uma
escolha que faço a cada dia. Se eu sei qual é sua primeira linguagem do amor e
escolho utilizá-la, suas mais profundas necessidades emocionais serão supridas
e ela se sentirá segura em meu amor. Se ela fizer o mesmo comigo, minhas necessidades
emocionais serão supridas e nós dois viveremos com os “tanques” cheios. Em
estado de contentamento emocional, ambos conseguiremos canalizar nossas
energias criativas para vários projetos de vida, e ao mesmo tempo manteremos nosso casamento excitante e em
processo de crescimento. Com estas coisas em mente, olhei para a face
empedernida de Breno e imaginei se eu conseguiria ajudá-lo. Pensei se ele já
não se apaixonara por outra pessoa. Em caso afirmativo, se estaria no início ou
no ápice da paixão. Poucos homens, que estejam com seus “tanques do amor”
vazios, abandonam seus casamentos quando têm perspectivas de ver aquela
necessidade suprida em outra fonte, sem precisar abandonar a família. Breno foi
honesto e revelou-me que se apaixonara por alguém há vários meses. Disse-me, no
entanto, que aquele sentimento iria embora e tinha esperanças de resolver tudo
com sua esposa. Mas o relacionamento em casa piorou e seu amor pela outra
mulher só aumentava. Ele já não conseguia viver sem seu novo amor.
Interessei-me por Breno e pelo dilema que enfrentava. Ele, sinceramente, não
desejava magoar sua esposa e filhos, mas, por outro lado, achava que merecia
ser feliz. Eu lhe passei as estatísticas sobre os segundos casamentos (60%
terminam em divórcio). Ficou surpreso em ouvir aquilo, mas estava convencido de
que isso não aconteceria com ele. Disse-lhe também sobre os efeitos do divórcio
nos filhos, mas estava certo de que sempre seria um bom pai para seus filhos e
logo superariam o trauma da separação. Conversei com Breno sobre os assuntos
deste estudo, e expliquei a diferença entre a experiência de se apaixonar e a
necessidade profunda de sentir-se amado. Transmiti-lhe as cinco linguagens do
amor e desafiei-o a dar mais uma chance ao seu casamento. Eu sabia que meu
enfoque racional e intelectual do matrimônio, comparados com os picos
emocionais que ele experimentava, eram como uma pistola de água comparada a uma
arma automática de verdade. Breno agradeceu minha preocupação e pediu que eu
fizesse o possível para ajudar Bete. Naquele momento, ele afirmou que não via
esperança alguma para seu casamento. Um mês mais tarde recebi um telefonema de
Breno. Ele disse que gostaria de conversar comigo novamente.
TEM CONTINUAÇÃO DIARIAS.
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