segunda-feira, 16 de setembro de 2013

O divórcio e o recasamento—P/07--16/09/2013


              O DIVÓRCIO EM DEUTERONÔMIO

O QUE ESTA IMPLICADO NA CONCESSÃO DA CARTA DE DIVÓRCIO
Questões respondidas a seguir:
A conseção da carta de divórcio era perpétua ou apenas provisória?
O que tinha validade permanente: O mandamento Divino no princípio ou a conseção feita na base de dureza de coração?
Há de fato, um mandamento, justificando alguém se divorciar?

Dt 24:1 - Se um homem (vya 'iysh – homem em contraste a mulher, marido) tomar (xql laqak – receber como esposa) uma mulher (hva 'ishshah – esposa, casada) e se casar (leb baal – casar, governar sobre, possuir, ser dono de) com ela, e se ela não for (aum matsa' – conseguir, achar, descobrir) agradável (Nx chen –graça, favor, elegancia, aceitação) aos seus olhos (Nye `ayin), por ter ele achado (aum matsa') coisa (rbd dabar – palavra, coisa, matéria, questão) indecente (hwre `ervah – exibição de nudez ou comportamento impróprio, vergonha ou exposição vergonhosa, vexame, sujeira, impureza,) nela, e se ele lhe lavrar (btk kathab) um termo (rpo cepher – escrito, documento) de divórcio (twtyrk keeriythuwth – separar, desunir, repudiar, exonerar, demitir), e lho der (Ntn nathan - dar) na mão (dy yad), e a despedir (xlv shalach – mandar embora, lançar fora) de casa (tyb bayith – casa, haibatação, família);

Dt 24:2  - e se ela, saindo (auy yatsa'- partir, ir embora, sair) da sua casa, for e se casar (Klh halak – ir, andar, vir, aproximar-se, aparecer) com outro (rxa 'acher – diferente, outra pessoa, próximo, seguinte, mais um, homens) homem (vya 'iysh – homem em contraste a mulher, marido);

Dt 24:3 - e se este (Nwrxa 'acharown – por fim, depois, subsequente, seguinte ) a aborrecer (ans sane' – odiar, detestar), e lhe lavrar termo de divórcio, e lho der na mão, e a despedir da sua casa ou se este último homem, que a tomou para si por mulher, vier a morrer (twm muwth – morrer),

 Dt 24:4 - então, seu primeiro (Nwvar ri'shown – primeiro, primário, inicial) marido (leb ba`al – proprietário, marido, senhor ), que a despediu, não poderá (lky yakol – não poder) tornar (bwv shuwb – voltar, restaurar, ) a desposá-la (xql laqach – tomar ou receber como esposa ) para que seja sua mulher (hva 'ishshah), depois (rxa 'achar – após, em seguida ) que foi contaminada (amj tamey – ser impura, ter se tornado impura ou suja, palavra usada nos sentidos sexual, religioso e cerimonial; ser reconhecido como impuro; também pode significar, poluir, corromper, manchar, profanar), pois é abominação (hbewt tow`ebah – odioso, execrável, repugnante, repulsivo, nojento, desgosto. No sentido ritual: comida impura, ídolos. No sentido ético: impiedade, pervesidade e maldade) perante o SENHOR (hwhy Yahueh – Jeová – o Único Eterno por Si mesmo – o Auto-existente - o nome próprio do verdadeiro Deus); assim, não farás pecar (ajx Khata' – perder, errar, falhar, incorrer em culpa ou penalidade) a terra (Ura 'erets – país, nação, mundo) que o SENHOR, teu Deus (Myhla 'elohiym – divindade, juiz, soberano), te dá  por herança (hlxn nakalah – propriedade, possessão, porção).

O significado das palavras dentro do texto falam por si mesmas. Como o divórcio nasceu no coração duro e pagão do homem, não se devia esperar que na Lei dAquele que criou o sagrado vínculo do casamento, contivesse uma lei para desfazê-lo. Alguns perguntam, como o fizeram os faríseus da época de Cristo:
-          “Se Deus não queria o divórcio, por que permitiu que Moisés criasse uma lei para regulamentar a situação dos divorciados? Porque Deus simplesmente não condenou o divórcio como o fez claramente com outras práticas trazidas pelo paganismo?”.
A resposta não parece fácil, porém ela existe, e muitíssimos comentaristas sérios a têm usado para explicar a concessão mosaica relacionada ao caos social e familiar criado pelos divórcios e recasamentos na jovem nação hebréia. Deve-se partir do fato histórico de que a sociedade pagã egípcia tinha um baixismo conceito de casamento, de modo que, a dissolubilidade do casamento era tão fácil, que, um egípcio bastava dizer quatro vezes para esposa: “eu repudio você” e após a quarta vez da repetição desta frase o casamento estava completamente desfeito.
Neste contexto licencioso e libertino, os judeus, que viveram durante os quatrocentos anos no Egito, sem uma séria liderança espiritual, começaram não só a assimilar seus conceitos pagãos, mas também a praticar os muitos costumes vís dos egípcios, inclusive o seu frouxo conceito de casamento e divórcio por qualquer motivo e de modo completamente irresponsável em relação à família que era descartada em favor do novo casamento.
Após a saída do Egito da grande multidão de hebreus, Moisés se depara com uma espantosa realidade, já solidamente estabelecida entre o povo que acabava de ser redimido: o divórcio e os recasamentos tinham criado uma gigantesca crise familiar entre o povo de Deus. Exatamente o povo que fora escolhido para gerarem o Messias, no contexto de uma família santa e sob a bênção de Deus.
Que fazer diante da tremenda dureza de coração dos israelitas, que “casavam e se davam em casamento” exatamente como a sociedade pré-diluviana, que por conta desta e de outras impiedades teve de ser eliminada da terra?
Que fazer, no caso de uma mulher que foi repudiada pelo marido, e que já recasou, mas o marido também se divorciou dela, para se casar com outra? O que esta mulher poderia fazer? Voltar para o marido original, se ele a quisesse de volta ou tentar encontrar outro homem que quisesse casar com ela? O caos estava estabelecido, de modo que, não é difícil imaginar mulheres que como a mulher a samaritana já tinha tido cinco maridos e já estava vivendo com o sexto marido. Embora, vimos que Cristo não reconheceu aquele seu recasamento, pois disse para ela: este que tens agora não é teu marido. Também, podemos imaginar como este caos familiar afetava a linhagem do povo de Israel, que devia se manter pura, pois dela viria o Messias. A situação realmente estava fora de controle, pois devido aos múltiplos casamentos, divórcio e recasamentos, a mesma mulher, poderia ter filhos de vários maridos diferentes, gerando com isso uma grande confusão, injustiças e sofrimento sem conta. Sabemos que a profecia determinava que o Messias devia nascer de uma mulher hebraica, da tribo de Judá, da família de Davi, e tinha de ser virgem. Por isso a piedade e estabelidade familiar tinham um papel muito importante no contexto destas profecias que exigiam uma linhagem santa para o Messias, de modo que a lei, proibia um bastardo entrar na linhagem do Messias até a décima geração. Também, por isso, foi que a linhagem do Messias foi suspensa por dez gerações, após o nascimento do filho bastardo de Judá, fruto de seu adultério com Tamar. Portanto, algo precisava ser feito para que as profecias messiânicas não fossem impedidas de ser cumpridas por causa do caos familiar reinante. Era preciso estancar o esgoto abominável vindo do mundo pagão, que ameaçava poluir toda a corrente da descendência na qual viria o Messias e fosse criado um mínimo de piedade para os lares, dos quais um seria escolhido para ser o lar do Messias. Consequentemente, a solução encontrada naquele ponto prematuro da história da salvação, em que todos os recursos da graça de Deus, ainda não estavam disponíveis aos homens, era fazer algumas concessões provisórias até que a plenitude da graça dada aos homens na vinda de Cristo pudesse, remover os corações duros como pedras e substituí-los por corações sensíveis à vontade de Deus. O que chamo aqui de plenitude da graça, pode ser visto apenas após o Calvário e o Pentecoste, quando o Espírito Santo derramasse o amor invensível no coração dos salvos, no ato da regeneração espiritual, possibilitando-os a amarem com o mesmo amor dramatizado por Oséias com sua esposa adulterina, para retratar o amor invensível de Deus por Sua adúltera esposa Israel, que mesmo tendo de repudiá-la por algum tempo, não desistiu dela, nem nunca cessou de lutar por uma reconciliação. Foi esse amor invensível, pleno de perdão e cheio do espírito de reconciliação que o Espírito Santo derramou no coração dos salvos, conforme Romanos cinco.
Portanto, é lamentável ver crentes apelando para uma concessão feita aos que não tinham o Espírito Santo e não gozavam dos invensíveis e plenos recursos da graça trazida por Nosso Maravilhoso Salvador Jesus Cristo para viverem acima da geração má e adúltera que os cerca. Foi neste sentido, de viverem de um modo digno do evangelho, ou dos recursos da graça disponíveis ao crente, que Nosso Senhor e todos os escritores do Novo Testamento conclamaram e desafiaram o salvos a viverem acima de sua geração. Por isso, todo o sermão do monte, ou a conduta esperada dos servos do Reino de Deus, pode ser resumida na expreção: “seja diferente” do mundo e da sociedade paganizada que o cerca. As bem-aventuranças mostram o que a plenitude da graça faz nos genuinamente nascido de novo. O mundo é trevas e só os salvos são luz; O mundo é sem sabor e podre, somente o salvos são o sal que dá sabor e preserva da podridão; O mundo é soberbo e egocêntrico (só leva em conta a si mesmo), insensível (incapaz de reconhecer e lamentar o pecado); violento (não mede conseqüências), injusto (tenta conseguir o que quer por todos os meios); Sem misericórdia (incapaz de perdoar); Impuro (hedonista, dominado pela sensualidade perde completamente o autocontrole); briguento (vingativo, incapaz de oferecer a outra face); subornável (corrompível, não agüenta perseguição e para não sofrer vende até a alma); amargurado (incapaz de se regozijar e dar graças em meio ao sofrimento). As bem-aventuranças dizem que o verdadeiro crente como luz e sal da terra é diferente de todas essas terríveis características da geração mundana. O crente salvo e transformado pela poderosa graça de Deus, que o educa na justiça de Deus, é descrito por Cristo, no sermão do monte como alguém que é: humilde, manso, sensível ao pecado ao ponto de chorá-lo com real choro de arrependimento;Justo, sua prioriedade é fazer a vontade de Deus e não burlar a justiça para conseguir o que quer; cheio de misericórdia capaz de perdoar setenta vezes sete o mesmo pecado; puro de coração por ter sido lavado no sangue de Jesus e pelo exercício constante da autoconfrontação bíblica ‘a luz da Palavra de Deus; como pacificador faz tudo para que haja paz, quando essa paz depende dele; é insubornável, pois, como Moisés, prefere ser perseguido por causa da justiça, do que, endurecido pelo engano da carne usufruir prazeres transitórios do pecado;como Paulo aprende a viver contente em toda situação, e em vez de ficar amargurado quando é injustiçado por causa de sua fidelidade ao Reino de Deus, regozija-se pelo privilégio que tem de sofrer como os profetas e santos de Deus também sofreram, por isso, rejeita o galardão da carne, do diabo e do mundo, e olha esperançoso para a recompensa de Deus, por quem vive e prazeirosamente morre.
 ANALISEMOS MAIS DE PERTO O TEXTO DE DT 24:1-4
Uma série de orações condicionais reguladoras de uma situação caótica  Porém nada que justifique o Divórcio ou o Recasamento Fica claro pelo texto que Não há nenhum mandamento para justificar o divórcio e o recasamento onde os divorcista possam se agarrar. Há apenas um estranho mandamento proibindo a recasada e classificada como contaminada de voltar ao primeiro marido. O único mandamento que existe é impedindo o retorno da mulher recasada ao marido original, pois, está contaminada, e fatalmente faria pecar a terra. Parece estranho este mandamento, mas naquele contexto caótico em que se encontrava a nação de Israel, como uma nação diferente de todas as outras, pois ela devia exibir para o mundo caráter de Jeová e através de uma linhagem santa deveria ser o canal de onde o Messias nasceria. Por isso, as concessões e mandamentos desta época são especiais, de modo que, quando os fariseus apelaram para a concessão feita por Moisés nesta época, o Senhor Jesus Cristo a descartou de imediato, e os remeteu diretamente ao mandamento de indissolubilidade do princípio.

        Veja a seguir alguns comentários de alguns líderes e estudiosos da bíblia:

Pr. Clark -  “ (Moisés) Não sugeriu ou aconselhou ou determinou; apenas assumiu que po­deria ocorrer (6 vezes "se"), sem entrar no mérito da questão”. (Escritor Evangélico – Pr. da Igreja Batista Regular Manancial ).
 Missionário Larrabee - “Na língua hebraica original estes versículos são uma série de orações condicionais seguidas pela conclusão. (Se um homem tomar uma mulher... se ela não for agradável aos seus olhos ...se ele lhe lavrar um termo de divórcio ...e se ela ...se casar com outro homem--se este a aborrecer, e lhe lavrar termo de divórcio-ou se este último homem vier a morrer, então seu primeiro marido, que a despediu, não poderá tornar a desposá-la para que seja sua mulher.) Estes versículos não mandam um homem divorciar a esposa. Moisés estava tratando de um mal social que já existia e estava dando orientação para que fosse controlado”.

COMENTÁRIOS SOBRE O ÚNICO MANDAMENTO EM DT 24:1-4

Pr. Clark – “(Moisés) Proibiu que o marido viesse a casar com a mulher para a qual deu carta de divórcio. Motivo: a mulher foi "contaminada" ao casar com outro. Parece que, aos olhos de Deus, o divórcio não rompeu a condição original dela de ser "uma só carne" com o antigo marido, a ponto de ter havido uma contaminação com o novo marido”.
 O Comentário Bíblico de Moody - Dt 24:1-5. - “O divórcio conforme permitido na Lei Mosaica (cons. Lv. 21:7, 14; 22: 13; Nm. 30: 9), por causa da dureza do coração dos israelitas (Mt. 19:8; Mc. 10:5), punha em perigo a dignidade das mulheres dentro da teocracia. Por. isso, o abuso da permissão foi prevenido, cercando o divórcio de regras técnicas e restrições (Dt. 24: 1-4).
- A E.R.A. está certa em considerar os versículos 1-4 como uma só sentença, sendo que 1-3 constituem a condição e o 4 a conclusão.
- A E.R.C. dá a impressão de que o divórcio era obrigatório na situação descrita.
- Na realidade, o que era obrigatório não era o divórcio, mas (se alguém recorresse ao divórcio) sum processo legal que incluía quatro elementos:

a) Devia haver motivo sério para o divórcio. O significado exato das palavras ‘coisa indecente’ (v. 1; cons. 23: 14) é incerto. Não se trata de adultério, pois a lei prescrevia para isto a pena de morte (22: 13 e segs.; Lv.20:10; cons. Nm. 5:11 e segs.).
b) Uma certidão da separação devia ser colocada na mão da mulher para sua subseqüente proteção.
c) O preparo deste instrumento legal implica no envolvimento de um ofício público que também deveria julgar a suficiência da base alegada para o divórcio.
d) O homem devia fazer uma despedida formal despedir de casa (v. 1).
O ponto principal desta lei, contudo, era que um homem não poderia tornar a se casar com sua esposa depois do divórcio, caso ela viesse a se casar novamente, mesmo se o seu segundo marido se divorciasse dela ou morresse. Em relação ao primeiro marido, a divorciada casada de novo era considerada contaminada (v. 4). Tal era a anormalidade desta situação, tolerada nos tempos do V.T., mas revogada por nosso Senhor no interesse do padrão original (Mt. 19:9; Mc. 10: 6-9; cons. Gn. 2: 23, 24)”.

Pr. Lounsbrown – Comentando Dt 24:1-4 diz que A mulher divorciada que casa de novo, sem ser por um motivo legítimo está “contaminada” e não tem direito a recasar novamente. – Veja a citação:
“A qual ponto a mulher ficava “contaminada”? -  Tinha de ser ao ponto de casar de novo. O divórcio em si não faz a mulher contaminada, mas a espõe à contaminação através do novo casamento (veja Mt 5:32). Por que? Porque ela foi divorciada sem motivo legítimo, e não tem direito de casar com outro homem diante de Deus”. 

Resumindo. A Posição ou Condição dos que se Divorciam e Recasam – Não há como escapar das conclusões de Moisés, Cristo e Paulo:

1)      De acordo com Moisés: A mulher fica ‘contaminada’ – Dt 24:4
2)      De acordo com Cristo: Tanto a mulher quanto o homem estão ‘em adultério’  - Mc 10:11-12
3)      De acordo com Paulo: O vínculo do casamento só é rompido pela morte, de modo que todo recasamento implica em adultério – Rm 1:1-3; I Co 7:39

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