O DIVÓRCIO EM DEUTERONÔMIO
O QUE
ESTA IMPLICADO NA CONCESSÃO DA CARTA DE DIVÓRCIO
Questões respondidas a seguir:
A conseção da carta de divórcio era perpétua ou apenas provisória?
O que tinha validade permanente: O mandamento Divino no princípio
ou a conseção feita na base de dureza de coração?
Há de fato, um mandamento, justificando alguém se divorciar?
Dt 24:1 -
Se um homem (vya 'iysh – homem em contraste a mulher, marido) tomar (xql laqak
– receber como esposa) uma mulher (hva 'ishshah – esposa, casada) e se casar
(leb baal – casar, governar sobre, possuir, ser dono de) com ela, e se ela não
for (aum matsa' – conseguir, achar, descobrir) agradável (Nx chen –graça,
favor, elegancia, aceitação) aos seus olhos (Nye `ayin), por ter ele achado
(aum matsa') coisa (rbd dabar – palavra, coisa, matéria, questão) indecente
(hwre `ervah – exibição de nudez ou comportamento impróprio, vergonha ou
exposição vergonhosa, vexame, sujeira, impureza,) nela, e se ele lhe lavrar
(btk kathab) um termo (rpo cepher – escrito, documento) de divórcio (twtyrk
keeriythuwth – separar, desunir, repudiar, exonerar, demitir), e lho der (Ntn
nathan - dar) na mão (dy yad), e a despedir (xlv shalach – mandar embora,
lançar fora) de casa (tyb bayith – casa, haibatação, família);
Dt
24:2 - e se ela, saindo (auy yatsa'-
partir, ir embora, sair) da sua casa, for e se casar (Klh halak – ir, andar,
vir, aproximar-se, aparecer) com outro (rxa 'acher – diferente, outra pessoa,
próximo, seguinte, mais um, homens) homem (vya 'iysh – homem em contraste a
mulher, marido);
Dt 24:3 -
e se este (Nwrxa 'acharown – por fim, depois, subsequente, seguinte ) a
aborrecer (ans sane' – odiar, detestar), e lhe lavrar termo de divórcio, e lho
der na mão, e a despedir da sua casa ou se este último homem, que a tomou para
si por mulher, vier a morrer (twm muwth – morrer),
Dt 24:4 - então, seu primeiro (Nwvar ri'shown
– primeiro, primário, inicial) marido (leb ba`al – proprietário, marido, senhor
), que a despediu, não poderá (lky yakol – não poder) tornar (bwv shuwb –
voltar, restaurar, ) a desposá-la (xql laqach – tomar ou receber como esposa )
para que seja sua mulher (hva 'ishshah), depois (rxa 'achar – após, em seguida
) que foi contaminada (amj tamey – ser impura, ter se tornado impura ou suja,
palavra usada nos sentidos sexual, religioso e cerimonial; ser reconhecido como
impuro; também pode significar, poluir, corromper, manchar, profanar), pois é
abominação (hbewt tow`ebah – odioso, execrável, repugnante, repulsivo, nojento,
desgosto. No sentido ritual: comida impura, ídolos. No sentido ético:
impiedade, pervesidade e maldade) perante o SENHOR (hwhy Yahueh – Jeová – o
Único Eterno por Si mesmo – o Auto-existente - o nome próprio do verdadeiro
Deus); assim, não farás pecar (ajx Khata' – perder, errar, falhar, incorrer em
culpa ou penalidade) a terra (Ura 'erets – país, nação, mundo) que o SENHOR,
teu Deus (Myhla 'elohiym – divindade, juiz, soberano), te dá por herança (hlxn nakalah – propriedade,
possessão, porção).
O
significado das palavras dentro do texto falam por si mesmas. Como o divórcio
nasceu no coração duro e pagão do homem, não se devia esperar que na Lei
dAquele que criou o sagrado vínculo do casamento, contivesse uma lei para
desfazê-lo. Alguns perguntam, como o fizeram os faríseus da época de Cristo:
- “Se Deus não queria o divórcio, por
que permitiu que Moisés criasse uma lei para regulamentar a situação dos
divorciados? Porque Deus simplesmente não condenou o divórcio como o fez
claramente com outras práticas trazidas pelo paganismo?”.
A
resposta não parece fácil, porém ela existe, e muitíssimos comentaristas sérios
a têm usado para explicar a concessão mosaica relacionada ao caos social e
familiar criado pelos divórcios e recasamentos na jovem nação hebréia. Deve-se
partir do fato histórico de que a sociedade pagã egípcia tinha um baixismo
conceito de casamento, de modo que, a dissolubilidade do casamento era tão
fácil, que, um egípcio bastava dizer quatro vezes para esposa: “eu repudio
você” e após a quarta vez da repetição desta frase o casamento estava
completamente desfeito.
Neste
contexto licencioso e libertino, os judeus, que viveram durante os quatrocentos
anos no Egito, sem uma séria liderança espiritual, começaram não só a assimilar
seus conceitos pagãos, mas também a praticar os muitos costumes vís dos
egípcios, inclusive o seu frouxo conceito de casamento e divórcio por qualquer
motivo e de modo completamente irresponsável em relação à família que era
descartada em favor do novo casamento.
Após a
saída do Egito da grande multidão de hebreus, Moisés se depara com uma
espantosa realidade, já solidamente estabelecida entre o povo que acabava de
ser redimido: o divórcio e os recasamentos tinham criado uma gigantesca crise
familiar entre o povo de Deus. Exatamente o povo que fora escolhido para
gerarem o Messias, no contexto de uma família santa e sob a bênção de Deus.
Que fazer
diante da tremenda dureza de coração dos israelitas, que “casavam e se davam em
casamento” exatamente como a sociedade pré-diluviana, que por conta desta e de
outras impiedades teve de ser eliminada da terra?
Que
fazer, no caso de uma mulher que foi repudiada pelo marido, e que já recasou,
mas o marido também se divorciou dela, para se casar com outra? O que esta
mulher poderia fazer? Voltar para o marido original, se ele a quisesse de volta
ou tentar encontrar outro homem que quisesse casar com ela? O caos estava
estabelecido, de modo que, não é difícil imaginar mulheres que como a mulher a
samaritana já tinha tido cinco maridos e já estava vivendo com o sexto marido.
Embora, vimos que Cristo não reconheceu aquele seu recasamento, pois disse para
ela: este que tens agora não é teu marido. Também, podemos imaginar como este
caos familiar afetava a linhagem do povo de Israel, que devia se manter pura,
pois dela viria o Messias. A situação realmente estava fora de controle, pois
devido aos múltiplos casamentos, divórcio e recasamentos, a mesma mulher,
poderia ter filhos de vários maridos diferentes, gerando com isso uma grande
confusão, injustiças e sofrimento sem conta. Sabemos que a profecia determinava
que o Messias devia nascer de uma mulher hebraica, da tribo de Judá, da família
de Davi, e tinha de ser virgem. Por isso a piedade e estabelidade familiar
tinham um papel muito importante no contexto destas profecias que exigiam uma
linhagem santa para o Messias, de modo que a lei, proibia um bastardo entrar na
linhagem do Messias até a décima geração. Também, por isso, foi que a linhagem
do Messias foi suspensa por dez gerações, após o nascimento do filho bastardo
de Judá, fruto de seu adultério com Tamar. Portanto, algo precisava ser feito para
que as profecias messiânicas não fossem impedidas de ser cumpridas por causa do
caos familiar reinante. Era preciso estancar o esgoto abominável vindo do mundo
pagão, que ameaçava poluir toda a corrente da descendência na qual viria o
Messias e fosse criado um mínimo de piedade para os lares, dos quais um seria
escolhido para ser o lar do Messias. Consequentemente, a solução encontrada
naquele ponto prematuro da história da salvação, em que todos os recursos da
graça de Deus, ainda não estavam disponíveis aos homens, era fazer algumas
concessões provisórias até que a plenitude da graça dada aos homens na vinda de
Cristo pudesse, remover os corações duros como pedras e substituí-los por
corações sensíveis à vontade de Deus. O que chamo aqui de plenitude da graça,
pode ser visto apenas após o Calvário e o Pentecoste, quando o Espírito Santo
derramasse o amor invensível no coração dos salvos, no ato da regeneração
espiritual, possibilitando-os a amarem com o mesmo amor dramatizado por Oséias
com sua esposa adulterina, para retratar o amor invensível de Deus por Sua
adúltera esposa Israel, que mesmo tendo de repudiá-la por algum tempo, não
desistiu dela, nem nunca cessou de lutar por uma reconciliação. Foi esse amor
invensível, pleno de perdão e cheio do espírito de reconciliação que o Espírito
Santo derramou no coração dos salvos, conforme Romanos cinco.
Portanto,
é lamentável ver crentes apelando para uma concessão feita aos que não tinham o
Espírito Santo e não gozavam dos invensíveis e plenos recursos da graça trazida
por Nosso Maravilhoso Salvador Jesus Cristo para viverem acima da geração má e
adúltera que os cerca. Foi neste sentido, de viverem de um modo digno do
evangelho, ou dos recursos da graça disponíveis ao crente, que Nosso Senhor e
todos os escritores do Novo Testamento conclamaram e desafiaram o salvos a
viverem acima de sua geração. Por isso, todo o sermão do monte, ou a conduta
esperada dos servos do Reino de Deus, pode ser resumida na expreção: “seja
diferente” do mundo e da sociedade paganizada que o cerca. As bem-aventuranças
mostram o que a plenitude da graça faz nos genuinamente nascido de novo. O
mundo é trevas e só os salvos são luz; O mundo é sem sabor e podre, somente o
salvos são o sal que dá sabor e preserva da podridão; O mundo é soberbo e
egocêntrico (só leva em conta a si mesmo), insensível (incapaz de reconhecer e
lamentar o pecado); violento (não mede conseqüências), injusto (tenta conseguir
o que quer por todos os meios); Sem misericórdia (incapaz de perdoar); Impuro
(hedonista, dominado pela sensualidade perde completamente o autocontrole);
briguento (vingativo, incapaz de oferecer a outra face); subornável
(corrompível, não agüenta perseguição e para não sofrer vende até a alma);
amargurado (incapaz de se regozijar e dar graças em meio ao sofrimento). As
bem-aventuranças dizem que o verdadeiro crente como luz e sal da terra é
diferente de todas essas terríveis características da geração mundana. O crente
salvo e transformado pela poderosa graça de Deus, que o educa na justiça de
Deus, é descrito por Cristo, no sermão do monte como alguém que é: humilde,
manso, sensível ao pecado ao ponto de chorá-lo com real choro de
arrependimento;Justo, sua prioriedade é fazer a vontade de Deus e não burlar a
justiça para conseguir o que quer; cheio de misericórdia capaz de perdoar
setenta vezes sete o mesmo pecado; puro de coração por ter sido lavado no
sangue de Jesus e pelo exercício constante da autoconfrontação bíblica ‘a luz
da Palavra de Deus; como pacificador faz tudo para que haja paz, quando essa
paz depende dele; é insubornável, pois, como Moisés, prefere ser perseguido por
causa da justiça, do que, endurecido pelo engano da carne usufruir prazeres
transitórios do pecado;como Paulo aprende a viver contente em toda situação, e
em vez de ficar amargurado quando é injustiçado por causa de sua fidelidade ao
Reino de Deus, regozija-se pelo privilégio que tem de sofrer como os profetas e
santos de Deus também sofreram, por isso, rejeita o galardão da carne, do diabo
e do mundo, e olha esperançoso para a recompensa de Deus, por quem vive e
prazeirosamente morre.
ANALISEMOS MAIS DE PERTO O TEXTO DE DT 24:1-4
Uma série
de orações condicionais reguladoras de uma situação caótica Porém nada que justifique o Divórcio ou o
Recasamento Fica claro pelo texto que Não há nenhum mandamento para justificar
o divórcio e o recasamento onde os divorcista possam se agarrar. Há apenas um
estranho mandamento proibindo a recasada e classificada como contaminada de
voltar ao primeiro marido. O único mandamento que existe é impedindo o retorno
da mulher recasada ao marido original, pois, está contaminada, e fatalmente
faria pecar a terra. Parece estranho este mandamento, mas naquele contexto
caótico em que se encontrava a nação de Israel, como uma nação diferente de
todas as outras, pois ela devia exibir para o mundo caráter de Jeová e através
de uma linhagem santa deveria ser o canal de onde o Messias nasceria. Por isso,
as concessões e mandamentos desta época são especiais, de modo que, quando os
fariseus apelaram para a concessão feita por Moisés nesta época, o Senhor Jesus
Cristo a descartou de imediato, e os remeteu diretamente ao mandamento de
indissolubilidade do princípio.
Veja a seguir alguns comentários de
alguns líderes e estudiosos da bíblia:
Pr. Clark
- “ (Moisés) Não sugeriu ou aconselhou
ou determinou; apenas assumiu que poderia ocorrer (6 vezes "se"),
sem entrar no mérito da questão”. (Escritor Evangélico – Pr. da Igreja Batista
Regular Manancial ).
Missionário Larrabee - “Na língua hebraica
original estes versículos são uma série de orações condicionais seguidas pela
conclusão. (Se um homem tomar uma mulher... se ela não for agradável aos seus
olhos ...se ele lhe lavrar um termo de divórcio ...e se ela ...se casar com
outro homem--se este a aborrecer, e lhe lavrar termo de divórcio-ou se este
último homem vier a morrer, então seu primeiro marido, que a despediu, não
poderá tornar a desposá-la para que seja sua mulher.) Estes versículos não
mandam um homem divorciar a esposa. Moisés estava tratando de um mal social que
já existia e estava dando orientação para que fosse controlado”.
COMENTÁRIOS
SOBRE O ÚNICO MANDAMENTO EM DT 24:1-4
Pr. Clark
– “(Moisés) Proibiu que o marido viesse a casar com a mulher para a qual deu
carta de divórcio. Motivo: a mulher foi "contaminada" ao casar com
outro. Parece que, aos olhos de Deus, o divórcio não rompeu a condição original
dela de ser "uma só carne" com o antigo marido, a ponto de ter havido
uma contaminação com o novo marido”.
O Comentário Bíblico de Moody - Dt 24:1-5. -
“O divórcio conforme permitido na Lei Mosaica (cons. Lv. 21:7, 14; 22: 13; Nm.
30: 9), por causa da dureza do coração dos israelitas (Mt. 19:8; Mc. 10:5),
punha em perigo a dignidade das mulheres dentro da teocracia. Por. isso, o
abuso da permissão foi prevenido, cercando o divórcio de regras técnicas e
restrições (Dt. 24: 1-4).
- A
E.R.A. está certa em considerar os versículos 1-4 como uma só sentença, sendo
que 1-3 constituem a condição e o 4 a conclusão.
- A
E.R.C. dá a impressão de que o divórcio era obrigatório na situação descrita.
- Na
realidade, o que era obrigatório não era o divórcio, mas (se alguém recorresse
ao divórcio) sum processo legal que incluía quatro elementos:
a) Devia
haver motivo sério para o divórcio. O significado exato das palavras ‘coisa
indecente’ (v. 1; cons. 23: 14) é incerto. Não se trata de adultério, pois a
lei prescrevia para isto a pena de morte (22: 13 e segs.; Lv.20:10; cons. Nm.
5:11 e segs.).
b) Uma
certidão da separação devia ser colocada na mão da mulher para sua subseqüente
proteção.
c) O
preparo deste instrumento legal implica no envolvimento de um ofício público
que também deveria julgar a suficiência da base alegada para o divórcio.
d) O
homem devia fazer uma despedida formal despedir de casa (v. 1).
O ponto
principal desta lei, contudo, era que um homem não poderia tornar a se casar
com sua esposa depois do divórcio, caso ela viesse a se casar novamente, mesmo
se o seu segundo marido se divorciasse dela ou morresse. Em relação ao primeiro
marido, a divorciada casada de novo era considerada contaminada (v. 4). Tal era
a anormalidade desta situação, tolerada nos tempos do V.T., mas revogada por
nosso Senhor no interesse do padrão original (Mt. 19:9; Mc. 10: 6-9; cons. Gn.
2: 23, 24)”.
Pr.
Lounsbrown – Comentando Dt 24:1-4 diz que A mulher divorciada que casa de novo,
sem ser por um motivo legítimo está “contaminada” e não tem direito a recasar
novamente. – Veja a citação:
“A qual
ponto a mulher ficava “contaminada”? -
Tinha de ser ao ponto de casar de novo. O divórcio em si não faz a
mulher contaminada, mas a espõe à contaminação através do novo casamento (veja
Mt 5:32). Por que? Porque ela foi divorciada sem motivo legítimo, e não tem
direito de casar com outro homem diante de Deus”.
Resumindo.
A Posição ou Condição dos que se Divorciam e Recasam – Não há como escapar das
conclusões de Moisés, Cristo e Paulo:
1) De acordo com Moisés: A mulher fica
‘contaminada’ – Dt 24:4
2) De acordo com Cristo: Tanto a mulher
quanto o homem estão ‘em adultério’ - Mc
10:11-12
3) De acordo com Paulo: O vínculo do
casamento só é rompido pela morte, de modo que todo recasamento implica em
adultério – Rm 1:1-3; I Co 7:39
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